A privatização dos correios tem sido um assunto recorrente nos últimos anos. Nos primeiros 14 dias de setembro de 2020, foram registradas 756 reclamações contra os Correios na Fundação Procon-SP. Em 2019 o número de reclamações do mês todo foi de 132, ou seja, um aumento de 472%.
O aumento das reclamações, segundo o órgão, é motivado pelo não fornecimento do serviço. Entre janeiro e agosto de 2020 foram registradas 3.504 reclamações, no mesmo período de 2019 foram 1.125 reclamações, um aumento de 211%.
A companhia já está em situação desfavorável. Os estudos identificaram, por exemplo, que o mercado de correspondência está sob forte declínio no Brasil. Ainda aponta que a receita dos Correios chegou a cair 28% em 2020 em relação a 2019.
Além disso, o número de greves durante o ano agrava ainda mais a situação frente ao número elevado de reclamações. Assim, a pauta sobre a ineficiência e a possível venda dos Correios vem ganhando cada vez mais relevância no cenário logístico e econômico. Desde o ano passado existem, diversas especulações sobre esse assunto
Grandes players do E-commerce já se mostraram interessados na compra da estatal, entre eles a Amazon e Magazine Luiza. Em entrevista à revista Exame o presidente dos Correios, Rodrigo Peixoto, afirmou que a privatização já está em andamento.
O Ministro das Comunicações, Fabio Faria, disse em agosto de 2020 que “Nós iremos privatizar os Correios. Eu vou conversar pessoalmente com os parlamentares e líderes do Congresso”. Tal fala foi abraçada pelo presidente, Rodrigo Peixoto, que completou “quaisquer alternativas que venham a extinguir (ou ao menos aliviar) essas amarras tornarão a empresa mais ágil, moderna e eficiente, algo muito difícil nas atuais condições. Em outras palavras, é preciso aproveitar melhor a experiência logística consolidada e a capilaridade dos Correios, ativos muito valiosos para continuarem subaproveitados”, como pode ser visto na entrevista.
Estudos de viabilidade
Desde o ano passado existe uma consultoria trabalhando para realizar os estudos sobre a privatização da empresa “Essa fase dos estudos inclui, entre outras providências, o envio de proposta de projeto de lei ao Congresso. Lá, os parlamentares apreciarão questões particulares da empresa considerando seu caráter como prestadora de serviço universal, bem como outras especificidades dos segmentos de atuação dos Correios”, afirmou.
Os estudos foram finalizados no dia 17 de março, e concluíram que a melhor alternativa é a privatização completa da estatal. Entretanto, os apontamentos feitos nesta primeira fase não têm aplicação imediata: o plano de privatização ainda passará por uma segunda fase de estudos que determinará o modelo a ser adotado. O final da segunda etapa está previsto para agosto deste ano e, posteriormente, será debatido entre sociedade, parlamentares, investidores, funcionários do Correios e outros envolvidos. Após isso, o plano será avaliado pelo Tribunal de Contas da União.
Não havendo impedimentos nesta segunda fase, vem a terceira e última etapa: a de implementação e conclusão do processo, cujo cronograma dependerá da aprovação do projeto de lei de privatização dos Correios pelo Congresso.